tag:blogger.com,1999:blog-33282108768107996612024-02-20T04:37:12.467-08:00Dois CombosDois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.comBlogger53125tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-53995901555634461192013-03-21T15:04:00.002-07:002013-03-21T15:04:16.185-07:00<span style="color: #45818e; font-family: Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: large;">depois da separação nós dois dividimos a cidade como um tabuleiro de war. </span>Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-59579105656899156972013-03-18T16:43:00.001-07:002013-03-18T16:43:48.503-07:00<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">tecnologia pra mim era uma coisa muito simples: ter um celular capaz de ligar, receber ligações, mandar mensagens, ter um computador e saber usar uma conta de email e facebook. pra que mais? tava bom demais isso tudo e eu nem conseguia dar conta de todos esses itens funcionando ao mesmo tempo. os meus amigos até me tiravam dizendo que eu era 'old fashion', como se eu soubesse que porra de gíria é essa, mas era capaz de entender pela tradução literal das duas palavras juntas. </span><br />
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">esses dias eu tava no ônibus voltando pra casa sem meu fone de ouvido quando ela subiu no ônibus. se ao menos eu tivesse com meus fones... evitaria de ouvir a voz dela. falei meio que errado e mal consegui olhar na cara dela e tive que ficar lá ouvindo aquela risada, aquele chiadinho que o som do 's' faz quando ela fala. que saco! se a tecnologia tivesse na minha vida eu sacaria meu telefone high tech e ficaria vendo meu facebook sem dar tanta importância pro que ela tava falando com os amigos. por que raios ela foi sentar lá atrás? ainda bem que eu ía descer antes dela. a viagem nunca foi tão longe e olha que a gente nem pegou trânsito. e eu lamentando ter esquecido o fone. </span><br />
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">durante toda a viagem eu pensava em me meter na conversa e ir lá falar com ela. sei lá, pedir pra mulher que sentava do lado dela trocar de lugar comigo só pra que eu pudesse sentir o cheiro do perfume outra vez. eu vi que ela continuava linda e usando aqueles decotes imorais que ela costumava usar quando a gente ficava. sério, nessa hora eu quis pedir pra descer, mas me controlei. lembrei do gosto da boca, dos beijos sem fim e comecei a ficar de pau duro. ainda bem que a mochila estava no meu colo, essa vergonha eu não passaria. e ela lá, não calava a boca. maldito celular sem funcionalidades tecnológicas. maldito fone de ouvido esquecido no computador. maldita. ainda revirava meus pensamentos e minha atual namorada nem sonhava que eu ainda gostava dela. foda. </span><br />
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">nem preciso dizer que passei a noite fritando na cama, tendo lembranças, lamentando e batendo umas punhetas. amanheceu e eu resolvi que ía bater na porta dela. antes de sair de casa ainda pensei durante muito tempo mandar um inbox de facebook ou um email lacônico, mas desisti, afinal, nem pra isso a tecnologia me serve. achei que poderia soar bizarro, visto que faz anos que a gente não se comunica virtualmente. minha namorada me liga pela manhã pra me dar bom dia e eu me sinto o cara mais idiota do mundo. saio de casa.</span><br />
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">ando uns 7 quilômetros na magrela até ter coragem de tomar o caminho da casa dela. toco o interfone e a amiga dela atende. me convida pra entrar. não paro de tremer, meu estômago quer me virar do avesso e eu estou prestes a desistir e dizer que foi engano e que eu não queria ter passado lá em pleno domingo de manhã. o café da manhã tava rolando um pouco tarde pras meninas e ela não estava na sala. jogo um papo furado, sorrio, aceito uma torrada crio coragem pra perguntar por ela. as meninas respondem em uníssono que ela está dormindo ainda e num misto de tristeza e alívio, sorrio e continuo puxando conversa fiada. me despeço 5 minutos depois e saio de lá. sabia que assim que a porta da sala batesse fechando nas minhas costas, a porta do quarto dela se abriria e ela sairia aliviada por eu já ter ido embora. paciência. </span><br />
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">subi na magrela e percorri mais uns 5 quilômetros antes de pegar o caminho de volta pra minha casa.</span><br />
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif;">e no facebook outra vez, tentando achar pistas da vida recente dela, descubro que eu não sei ser detetive virtual e tenho raiva de mim por ser old fashion da tecnologia. </span><br />
<br />Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-46950102112080928872011-02-06T09:08:00.000-08:002011-02-06T09:09:00.277-08:00<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: collapse; color: rgb(68, 68, 68); "><span class="Apple-style-span" >eu, caçador de mim, fui embora pra bem longe. lá não tem computador, internet, relações platônicas, amores impossíveis e todas as coisas ruins que andam acontecendo.</span></span></div><span class="Apple-style-span" style="border-collapse: collapse; color: rgb(68, 68, 68); "><span class="Apple-style-span" ><div style="text-align: justify; ">eu, caçador de mim, fui tomar um vento na cara, fui olhar o mar mais perto, fui cuidar das crianças carentes, fui ajudar na terceira guerra mundial, fui plantar batatas e amor no coração dos fracos. </div><div style="text-align: justify; ">eu, caçador de mim, fui visitar os parentes distantes no pacífico sul, fui sentir a grama gelada nos pés, fui criar um cachorro, fui tomar uma com as meninas e falar besteira.</div><div style="text-align: justify; ">eu, caçador de mim, fui fazer amor na chuva, fui viajar pelo mundo das maravilhas de Alice, fui nadar pelada, fui plantar uma flor no jardim do vizinho. </div><div style="text-align: justify; ">eu, caçador de mim, fui me procurar, fui saber quem sou e de onde vim, fui me aventurar em mim e</div><div style="text-align: justify; ">não me espera pro jantar, amor. não me espera porque eu não tô com a mínima pressa pra voltar.</div></span></span>Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-71042999408641489382011-01-23T16:53:00.001-08:002011-01-23T16:56:40.981-08:00tu tu tu tu tu tu tu<div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >- eu estou com saudades, sabia?! quando você volta?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >- ah, ainda não sei... melhor não esperar, amor.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >- como assim, você não sabe quando volta? e eu, fico aqui sozinha? como pode isso?</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >- é, eu também não sei responder, mas não temos saída... fui enviado para resolver esse problema, nós nos vemos depois. meu cartão vai acabar.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >- tá bem, se cuida. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >- pode deixar. </span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >- eu te amo.</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >- eu... (barulho de ligação que caiu)</span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" ><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span class="Apple-style-span" >e quem diria que esse seria o último eu te amo que ele ouviu na vida? quem dirá que não?!</span></div>Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-38437236779945882862011-01-17T08:48:00.000-08:002011-01-17T08:52:22.679-08:00<div style="text-align: justify; font-family: verdana;"><span style="font-size:85%;">no começo éramos todos delinquentes recém fugidos de um hospital psiquiátrico, depois disso vieram as loucuras, os distúrbios de personalidade e de personagem. ao longo dos tempos as conversas truncadas, as distâncias, as paixões platônicas, os desesperos, o adeus.<br /><br />o que temos hoje, teremos sempre, apesar de tudo. e o que nós temos? todas as páginas em branco pela frente. sem metas ou cobranças. teremos apenas que escrever aquilo que nos vem à cabeça com a maior satisfação do mundo. manifestos, puros e simples. relâmpagos de ideias e surtos. com rima ou sem rima.<br /><br />vamos lá?!<br />dois, um, zero.<br /></span></div>Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-15964060839336258402009-01-12T07:22:00.000-08:002009-01-12T07:23:30.103-08:00Miriam e o chinês anãoMiriam era daqueles tipos estranhos, meio kitsch meio moderninha. Adorava cachorros, mas só o s de focinho achatado, daqueles que parecem a frente de um caminhão depois de uma batida. Tinha dois, um macho e uma fêmea. É desnecessário dizer que ela tratava as duas criaturas como se fossem realeza. Uma vez por semana iam ao petshop para terem os pelos escovados, unhas aparadas, orelhas limpas e toda aquela frescura que se faz em petshop. Então, uma vez a cada quinze dias Miriam levava os pequerrotes a uma clínica de tratamento estético para cães. Os cãezinhos tomavam banho de ofurô, faziam acupuntura, recebiam tratamento com um verniz especial nas unhas, e saíam de lá com a mesma cara com que entraram, amassada.<br />Miriam era uma pessoa muito solitária, daí sua paixão pelos dois cães.<br />Um dia, ao passar em frente a um bar – cujo donos eram chineses, provavelmente - e olhar de relance para dentro do bar, viu um anão, um anão chinês, também com a cara um pouco amassadinha; apaixonou-se de cara. No dia seguinte resolveu passar em frente ao singelo boteco novamente, mas desta vez estava decidida a entrar, mas só se o anão chinês estivesse lá. Não estava. Miriam ficou chateada, mas não se deu por vencida: esperaria pelo chinezinho o quanto precisasse esperar. Após três horas plantada em frente ao bar, resolveu entrar. Sentou-se ao balcão e pediu uma cerveja. O chinês – de altura regular – que estava atrás do balcão prontamente atendeu Miriam, mas não sem um olhar de estranheza: não era sempre que uma moça bonita e aparentemente rica e refinada sentava-se em seu boteco para beber. Mesmo com a estranheza estampada na face, o chinês – muito provavelmente o dono do bar, ou o irmão do dono – serviu a cerveja a Miriam, que bebericou sem demonstrar o nojo que sentia do cheiro que aquele lugar exalava.<br />- Vou dar um banho demorado no chinezinho. – pensou.<br />O bar estava quase fechando, e Miriam viu que o alvo de sua mais nova obsessão não daria as caras por lá. Pagou a conta – agora já havia bebido quatro garrafas de cerveja – e foi embora, decidida a esperar o quanto fosse pelo anão. E assim o fez, religiosamente, durante duas semanas, sem revelar a ninguém o motivo pelo qual ela havia se tornado a mais fiel cliente do boteco; o chinês dono do boteco adorou, é claro.<br />A esperança havia esvaido-se de Miriam, e ela, movida pela obsessão e desprovida de qualquer vergonha, resolveu perguntar pelo anãozinho para o dono do bar.<br />- Conheço, é o Cheng. Voltou pra China. – disse o dono, com um sotaque um tanto quanto carregado.<br />O semblante de Miriam já não era o mesmo, estava irreconhecível a pobre obcecada. Mas como obcecada boa é obcecada persistente, ela foi pra casa arrumar as malas; estava decidida: ia pra China.<br />Mas, como encontrar um chinês em particular dentre um oceano de chineses, e logo na China? Ora, Miriam só havia visto um único chinês anão em toda sua vida; logo, não deveria ser muito difícil achar os poucos chineses anões que ainda moram na China, e ela acharia.<br />Comprou passagem logo para o outro dia, e embarcou; os cachorros ela deixou em um hotel vagabundo, já que a passagem a deixou sem um puto no bolso e no banco.<br /><br />O vôo foi tranquilo, e Miriam desembarcou em Beijing cansada, mas com a esperança de volta à face, coração e espírito.<br />- E agora, por onde eu começo? – pensou.<br />Tentou sem sucesso um inglês arranhado no guichê de informações. Se já era difícil pra ela entender o que o dono do boteco dizia em português, entender o que uma recepcionista falava em inglês, com o pior sotaque do mundo era praticamente impossível.<br />Depois de alguns dias de busca malsucedidas, ligou para uma amiga no Brasil.<br />- Jú, pelo amor de deus...sabe aquele boteco nojento, a dois quarteirões da minha casa? Vai lá correndo e diga pro cara que estiver no balcão que a moça que perguntou pelo Cheng há dois dias está na China procurando o Cheng, e precisa de alguma informação.<br />- Se você me explicar o que tá acontecendo eu vou sem nem pensar, amiga.<br />- Não dá tempo, Jú. Assim que eu voltar praí eu te explico tudo. Sério, vai lá pra mim, vai? É questão de vida ou morte.<br />- Tá, te ligo daqui a pouco. Beijos.<br />Jú foi correndo até o boteco, e conseguiu o número do telefone do anão, depois de muito tempo tentando explicar o que acontecia. Ligou para a amiga:<br />- Você se supera, Mi...incrível. Anota aí o telefone que o cara me deu. – e disse o telefone.<br />Sem se despedir da amiga, Miriam desligou, e rapidamente ligou para o número; a voz que atendeu parecia mesmo ser a de um anão, e Miriam explicou a situação para Cheng. Pediu para encontrá-lo, e disse a ele que o levaria de volta para o Brasil, o mimaria e faria todas as vontades dele, para depois de alguns bons minutos ouvir, num sotaque carregado, Cheng dizendo:<br />- Desculpa. Eu voltei pra China para viver com meu amor. Sou gay.<br /><br />Miriam andou por duas quadras e se jogou debaixo de um ônibus lotado de chineses. Seus cachorros foram adotados pela equipe do hotel canino.Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-82441425665804665212009-01-08T08:51:00.001-08:002009-01-08T08:51:56.155-08:00SegundinhoA fonte seca e a mão coça pra fechar a janela,<br />mas deixo que a chuva caia, molhando o tapete novo da patroa. Depois compra outro.<br />O importante é molhar até cansar, depois de tudo o que se passou e o que passará.<br />Deixo o tédio guiar o baileque já não sabe qual música dançar,<br />porque algum filhodaputa mudou todas as regras.<br />Logo eu, meu deus, logo eu.Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-45783949348190666392008-10-05T09:40:00.000-07:002008-10-05T09:42:57.671-07:00Meia-bocaQuando a mãe disse "Seja grande" ninguém botou fé. Fizeram pouco caso do menino, disseram barbaridades e o ignoraram.<br />Hoje ele é prefeito e manda em todos que outrora o ignoraram.Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-45923411202613443292008-09-13T13:43:00.000-07:002008-09-13T13:45:09.458-07:00Diálogos ocultos.- Vem cá, preciso te contar uma coisa.<br /><br />- O que é?<br /><br />- (Eu te amo) Vai ter estréia no cinema hoje.<br /><br />- Ah, é? Que legal.Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-65879261224592980112008-08-29T19:51:00.000-07:002008-08-29T19:53:58.961-07:00Sei lá<span style="font-weight: bold;font-size:130%;" ><span style="font-family: lucida grande;">Porque eu realmente não sabia, sabe?! Preferi nem falar do sapado dele, que apesar de cafona, fazia meu tipo. Bebi mais um gole pra "esquecer" e então, quando o beijei, senti meus pés sairem do chão. Cafona, não?</span><br /><br /><span style="font-family: lucida grande;">Sei lá.</span></span>Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-15669742520020677142008-07-05T21:01:00.001-07:002008-07-05T21:05:04.021-07:00Sonho, delírio e tudo maisTudo estava do mesmo jeito, as fotos, as cores, a mesa e o jardim. Só não tinham mais flores, mas o resto era o mesmo. Até a cama, nosso lar, era a mesma. Mesmo assim eu não me sentia ali, sabe?! Eu não me sentia mais metade daquele todo que éramos, eu não me sentia nem décimo. Era como se eu reconhecesse aquilo como um dejàvú eterno e infinito, mas com um vazio enorme no meio. Eram lembranças minhas vistas em terceira pessoa do singular. Não era mais plural. E ainda que fosse duro voltar pra mesma casa não-lugar eu voltva todos os dias depois da tua partida.Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-32640656273736611872008-06-21T09:20:00.000-07:002008-07-05T21:00:53.586-07:00dois²<span style="font-family:trebuchet ms;">Atrela, minha tela</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Fica presa sobre mim</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Trela, minha meta</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">E se dana no mundo</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Aperta minha pele</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Me pela em pêlo</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">E se enrola que eu te pinto em <span style="color: rgb(204, 153, 51);">óleo sobre tela</span>,</span><br /><span style="font-family:trebuchet ms;">Minha Bela.</span><br /><br /><br /><span style="font-weight: bold;font-size:180%;" >*<br /><br /></span><span style=";font-family:verdana;font-size:180%;" ><span style="font-size:85%;">Um dilema<br />Não é só<br />Um problema.</span></span><span style="font-weight: bold;font-size:180%;" ><span style="font-size:85%;"><br /></span></span>Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-64858994059629510982008-05-11T13:15:00.000-07:002008-05-11T14:11:05.274-07:00Eu que pensei que era grande<span style="font-size:85%;"><span style="font-family: verdana;">Laura* tem apenas 12 anos e uma cabeça de adulta. Também pudera, teve a mãe assassinada ano passado, já foi presa, ateou fogo numa unidade de abrigo para menores carentes da cidade, cheira cola, fuma maconha, se prostitui e já traficou algumas vezes para ter grana pra comer. Apesar disso tudo Laura é bonita. Tem uma beleza física incrível, uns olhos de arrepiar e uma humildade e respeito com os mais velhos que eu não vi até hoje.</span><br /><span style="font-family: verdana;">Laura me comoveu, não só pela história de vida, mas pela simplicaidade que vive, pelas questões de sua cabecinha de criança e pela sua maturidade forçada. Laura me deu arrepios. A minha vontade era colocar Laura no colo e levar pra casa, dar escola, comida e educação e deixar que Laura trilhe um caminho mais digno pra sua vida. Ela só precisa de uma oportunidade, de uma chance, porque a dela foi roubada. O brilho nos olhos dela e toda aquela vontade de crescer me deixaram no chão. E o amor que ela dedica ao seu namorado, sim, Laura tem um namorado, também muito bonito e que não é morador de rua, me deixaram pensando sobre o amor e suas diferentes manifestações. Laura, Laura, menina, mulher, viciada, puta, criança, humilde, rebelde social, amorosa, consciente...</span><br /><span style="font-family: verdana;">Apesar de tudo isso, Laura ainda ama. Laura tem família. Laura tem casa mas não quer voltar pra lá, e o motivo eu não tive tempo de descobrir. Mesmo assim, Laura ainda se lembrou de ligar para a avó/mãe e pedir desculpas por não ir visitá-la hoje, dizer que estava tudo bem e que ela não se preocupasse, ela sabia se cuidar.</span><br /><span style="font-family: verdana;">Laura, Laura, em que situação eu vou te ver novamente? Eu ainda vou te ver?</span></span><br /><br /><br /><br /><br /><span style="font-family: verdana;font-size:85%;" >Laura* é um nome fantasia para uma história real.</span>Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-40380400933114112362008-04-28T11:02:00.000-07:002008-04-28T11:05:25.931-07:00Citação aleatória"A saudade é um filme sem cor que o meu coração quer ver colorido" Mas nem sempre é possível.<br /><br /><br />Tirando as teias de aranha que se fizeram presente nesse lugar, não é, Biottik?Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-18585108092926005672008-04-05T09:20:00.000-07:002008-04-05T09:21:47.127-07:00O Rouba Santos (versão provisória)<strong><span style="font-size:180%;">P</span></strong>ercival é o típico cara recluso. Tem um aspecto bastante sujo, seboso e repugnante. Mora em um prédio de apartamentos,e tem duas vizinhas bem gostosinhas, que tem um certo tipo de repulsa a Percival.<br />Mas o charme do sujeito é exatamente o aspecto decadente que ele têm. Seu apartamento é empoeirado, tem jornais antigos e novos espalhados pela sala inteira, pratos de comida empilhados na pia da cozinha e na mesa de jantar da sala, alguns quadros com figuras de mártires nas paredes.<br />Em um canto claustrofóbico da sala, Percival mantém uma velha máquina de escrever. Ele é um poeta, um escritor, letrista de músicas; escreve para sobreviver.<br />Às vezes Percival gosta de andar por lugares decadentes, para não se sentir um peixe fora d'água. Saber que outras pessoas compartilham do mesmo mergulho no submundo urbano o conforta.<br />Em um dia qualquer, em um de seus passeios esporádicos, Percival vê um mendigo deitado em seu pedaço de chão da cidade, aos prantos. A expressão na face do mendigo é de uma dor intensa, de desgosto, mas o brilho dos olhos do mendigo é de esperança, daquela que nunca se vai, mesmo que nada do que se espera aconteça.<br />Percival então decide fazer algo para amenizar o sofrimento do mendigo; vai até uma igreja qualquer, pede perdão a deus e sorrateiramente afana uma imagem de um santo católico qualquer. Sai da igreja em uma corrida veloz, apesar de sua idade relativamente avançada. Vai até aonde o mendigo está, ajoelha-se, olha nos olhos do mendigo e o entrega a imagem do santo, dizendo: “Reza. Ele vai te ajudar. Que deus te proteja e abençoe.”<br />Percival vai para casa com a certeza de que sua semana será um pouco mais alegre.Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-38039499835017506182008-03-30T10:37:00.000-07:002008-03-30T10:41:12.921-07:00Desabafa e choraSinceramente? Eu já tinha perdido a paciência fazia tempo... E não haviam culpados nem inocentes, só havia um grande buraco vazio dentro de mim. Eu não tinha raiva desse ou daquele, eu apenas tinha raiva e não conseguia encontrar um motivo convincente. Não queria ficar remoendo essas coisas, mas era preciso que eu expusesse isso aqui ou acabaria engolindo o mundo sem mastigar.<br />Agora se você me contrar na rua e eu não te der bom dia, não me pergunte o porquê, eu não direi.Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-10021555282906250422008-03-06T16:34:00.002-08:002008-03-06T16:51:11.128-08:00Cotidianice ou não.<span style="font-family:verdana;">Quando eu entro no ônibus meu mundo pára. Não sei explicar, mas sempre que ligo o fone ou saco da bolsa qualquer coisa pra ler, eu, simplesmente, não presto atenção em mais nada. Ontem foi diferente. Do começo? Vamos lá! Saí de casa cedo pra resolver as coisas do emprego, pega o contrato aqui, leva ali pro fulano assinar e tudo mais. Nada se resolveu, porque a criatura que deveria ter assinado nada fez. Ok, vamos às compras. Fui comprar camisetas porque meu estoque estava caído, né?! Comprei e tomei meu ônibus para a faculdade debaixo daquele sol escaldante de 40º do meio dia. Sentei do lado esquerdo, o lado do motorista e pus meus fones de ouvido para aguentar aquele trânsito fenomenal de costume. Eis que em um dos cruzamentos das principais, com o trânsito lento, eu percebo as pessoas do ônibus olhando atentas para o lado de fora. Eu sou desligada demais, sabe?! Não olhei, ainda mais que se fosse um acidente com vítimas eu iria ficar triste e paranóica com as imagens. Mas quando vi o menino que estava sentado na minha frente com um enorme sorriso no rosto, entendi que só poderia ser um malabarista ou algum palhaço na rua. Nem de longe. Duas senhoras com pelo menos 40 e poucos anos se estapeavam frente a uma galeria movimentada e os transeuntes e funcionários de lá assistiam tudo aos risos e sem se preocupar com a gravidade da situação. Só vi a cena por alguns segundos, o bastante pra ficar chocada, claro. Como duas mães de família podem chegar ao ponto de brigar no meio da rua debaixo do sol quente ao meio dia? Na mesma hora passou pela minha cabeça que uma era a amante e a outra a esposa ou que elas estavam brigando por causa dos filhos delas ou pela vaga do estacionamento. Vai saber. O que mais me chocou foi a forma como a desgraça de uns pode ser a piada de muitos, não que isso seja novidade. Mas ver duas senhoras brigando aos tapas na rua não é nada comum. Imagina se fosse a minha mãe?</span>Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-36235019215791863702008-02-23T12:04:00.000-08:002008-02-23T12:07:20.686-08:00*<span style="font-family: lucida grande; font-weight: bold;font-size:180%;" >Grito<br />Da alma<br />Pro infinito.</span>Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-58810653450295473532008-02-18T11:35:00.000-08:002008-02-18T12:07:25.350-08:00Ganhar para perderEu não queria ter ficado bêbada na festa do Alê. O clima tava tão bom pra conversar, mas eu enfiei o pé na jaca e bebi horrores. Claro que isso tem nome: Manoela. É foda! 3 anos e 5 meses de namoro e a Manu me diz que quer terminar, assim sem mais nem menos só porque não gosta mais de mim. E eu? Eu ainda gosto, oras. Ela não podia ter continuado o relacionamento por bondade? A gente já passou por tanta coisa juntas... Eu não acho justo da parte dela ter feito isso comigo. Pois bem, voltemos à festa do Alê. Era sábado, uma semana depois do acontecido e eu estava colocando o pijama quando o Alê me ligou ordenando a minha presença na festa. Eu falei que estava mal pelo fim e ele não me perdoou por isso, disse que me queria lá. Porra, o Alê sabe que eu não faço drama, tava completamente na merda, mas fui. Consideração, né?! Não queria ser a coitada da festa, queria que meus amigos me vissem bem, afinal, ninguém precisava saber da fossa. Me arrumei, pus brincos, colar, saia e decote e fui pra lá. Havia dois anos que eu não fumava, mas passei no posto e comprei um Marlboro Light e fui. Cheguei por lá e poucos tinham chegado. Falei com o Alê, como de constume, peguei um copo de vodka e fui beber. A minha intenção não era passar da quarta dose, mas... nem preciso dizer que eu não cumpri. Lá pelas duas eu já dinha passado de Marraquesh e já estava até pra lá de Bagdá, quando a Manoela chegou na festa com um carinha. Até aí, tudo bem. A Manu nunca ficaria com um cara, o negócio da gente sempre foi mulher, tanto que aos 25 eu nunca tinha dado pra nenhum homem, ela já. Ela falou comigo como se fôssemos amigas, como se 3 anos e 5 meses fosse coisa de amizade. Eu respeitei, claro, cada um reage de uma forma, mas não acreditei quando os vi na cozinha aos beijos. What'afucking is this? Calma, Juliana, calma! Você está bêbada demais para fazer alguma coisa, além do mais ela não é a sua namorada; não mais. Me segurei na parede e voltei até a sala. Falei pro Alê pegar mais uma dose pra mim porque tinha muita gente na cozinha e eu estava com calor pra ir até lá (que desculpa foi essa?). Quando ele voltou, sem a minha dose e com um refrigerante, eu percebi que lá vinha merda de consolo para bêbado com dor de corno. Bastou um olhar e a pergunta básica: 'você tá bem?' para que desatasse a chorar sem fim. Imediataente o Alê me levou até o quarto dele e pôs-se a me consolar. Eu chorei por mais de uma hora copiosamente e o Alê do meu lado, sentado na cama, me confortando naquele abraço infinito. Ele me levou até o banheiro para tomar um banho e me colocar pra dormir. Me despiu, me deu banho e me deu um camisetão pra vestir. Que papelão, hein, Dona Juliana?! Assim que ele me deitou na cama eu fui abracá-lo para agradecer por tudo. Nos beijamos. Sabe quele beijo de novela que a cara da mocinha fica bem besta? Foi exatamente isso. Depois de uns 3 minutos, quando olhei nos olhos do Alê, ele sorriu e me beijou novamente. O resto nem preciso dizer, né?! A nossa festa continuou na cama dele. Pela manhã, quando acordei, havia um bilhete ao meu lado dizendo: 'desculpas pelo que te fiz, mas só eu sei o quanto eu esperei por isso, Alê'. Fiquei chocada. Como assim? Levantei, pus minha roupa e fui até a cozinha tomar uma água. O Alê estava lá me preparando um café da manhã. O silêncio sepulcral tomou conta daquela manhã de ressaca moral de domingo. Saí de lá confusa e completamente estranha. O Alê não me ligou por uma semana e eu achei que deveria ligar. Marcamos no parque Trianon e conversamos durante horas a fio até que ele se declarou pra mim. Mais uma vez eu fiquei de cara e falei isso pra ele, eu não esperava. O Alê entendeu e disse que me deixaria livre pra pensar, mas tudo que ele havia dito era verdade. Nos despedimos e eu acabei voltando pra Manu dois dias depois. Nuca mais vi o Alê, ele se mudou, parece que tá em BH. Eu só acho que perdi o homem da minha vida, vai saber...Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-10390062618761391682008-02-13T10:30:00.000-08:002008-02-13T10:39:44.229-08:00Das despedidas e das coisas que jogamos fora<span style="font-size:85%;"><span style="font-family: verdana;">Tem coisas na minha vida que sumiram, minha mãe as deve ter jogado fora. outras eu mesma expurguei de mim. O motivo? Não me serviam mais ou não me satisfaziam mais. O fato é que, às coisas importantes eu dedico uma caixa, uma gaveta e um espaço na minha memória. Aquelas coisas que só eu entendo e que só eu choro ao desenterrá-las. Eu odeio perder coisas boas ou ter que jogá-las fora por motivos quaisquer. Nunca neguei que isso doesse. E cada um sabe a dor que leva dentro do peito. </span><br /><span style="font-family: verdana;">Eu odeio despedidas e não conheço ninguém que goste delas. Eu sinto como se um pedaço de mim fosse embora, escorresse pelas minhas mãos como água. A sensação de perda e impotência é foda. Já passei por tantas dessas, já chorei até dormir, mas nunca me conformei ou aprendi com isso. E quem é que se conforma? Por mais que o amor seja grande e que as coisas voltem um dia, nunca voltarão na verdade. Eu sei. O que eu não gosto é de <span style="font-weight: bold;">sentir saudade</span>.</span></span>Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-3623432653379803522008-02-13T08:11:00.001-08:002008-02-13T08:11:52.103-08:00Senta a pua!<a href="http://technorati.com/claim/448842g5pz" rel="me">Technorati Profile</a>Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-65256784749319474682008-02-06T14:47:00.001-08:002008-02-06T14:47:44.823-08:00O tédio de GarcezGarcez estava em um daqueles dias chatos, em que nada acontece. Se houvesse, ele estaria em um dia de TPM masculina.<br />Sentou-se ao computador, checou a caixa de emails duas vezes - para ter certeza - jogou um pouco de pôquer e desistiu. Ficou entediado.<br />Pegou o telefone e ligou para alguém. Não obteve resposta, e achou normal, já que seu astral não era dos melhores.<br />Ele teve vontade de dormir o dia todo, mas sabia que não poderia fazer isto. Já estava vagabundeando há muito tempo, e queria mudar, só não sabia como.<br />Voltou para o computador, e começou a escrever uma história sobre algum desconhecido que estivesse em situação semelhante à dele.Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-54230056798033475592008-02-06T14:46:00.001-08:002008-02-06T14:46:46.656-08:00Martins e a falta de títuloMartins era uma pessoa normal. Morava em uma casa normal, tinha filhos normais, sua esposa era normal e até seu cachorro era normal. Tudo era muito normal na vida de Martins.<br />Ele não se entediava com isso, pelo contrário; achava que quando as coisas saíam do padrão, imprevistos aconteciam.<br />O tempo passou e os filhos de Martins cresceram. O menino se chamava Carlo, e a menina, Rebeca.<br />Carlo e Rebeca tornaram-se adolescentes transgressores, repudiando assim o conformismo dos pais.<br />Rebeca engraçou-se por um traficantezinho meia boca do bairro. Engataram um namoro sério que durou até a morte do sujeito. Rebeca - inconformada - tratou logo de começar a namorar de novo. Ficou solteira durante vinte e três dias. Era fascinada pelo crime, e firmou compromisso com outro traficante; mais velho do que o anterior, e mais poderoso. Traficava animais e armas.<br /><br />Carlo não era extravagante, mas era viciado em cola, maconha, álcool e balinha. Começou cheirando o esmalte da mãe e da irmã.<br />Fumava pelo menos cinco baseados por dia, e não conseguia se concentrar muito bem em suas tarefas diárias, como a escola, por exemplo.<br />Foi expulso de todas as escolas que frequentou, desde que começou a fumar droga.<br />Carlo conseguia droga muito mais barato com os contatos de Rebeca. Pagava dez reais por uma quantidade de maconha que era vendida por trinta. O fumo não era lá essas coisas, era o que sobrava; mas era barato.<br /><br />Martins achou bem normal a atitude de seus filhos. Dizia que poderia ser ainda pior...Rebeca poderia ter virado puta, e Carlo blogueiro-meia-boca.Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-55986328839526239552008-01-26T14:50:00.000-08:002008-01-26T14:51:35.278-08:00O Perfume da Boliviana<span style="font-family:trebuchet ms;"><strong><span style="font-size:180%;">C</span></strong>heguei em casa mais tarde do que o usual, e me deparei com uma figura até então desconhecida para mim. Pele amendoada, olhar profundo e os cabelos pelos ombros.<br />O elevador não estava no térreo. Ficamos nós dois em silêncio, a mulher e eu. Resolvi arriscar um oi, e recebi de volta um oi com sotaque. Tentei reconhecer de onde era a moça, mas o melhor jeito era perguntar.<br /> - Bolíbia - disse ela com o sotaque característico.<br />Até então eu não havia conhecido ninguém da Bolívia. Enfim o elevador chegou, e como todo macho metido a besta, quis mostrar logo meu lado galanteador, e abri a porta para que ela entrasse; ela agradeceu e entrou. O rastro do perfume da boliviana era inebriante.<br />Trocamos olhares tímidos, e antes que o elevador parasse no andar da moça, aproveitei para tentar conversar ao menos um pouco com ela.<br /> - Você é nova aqui?<br /> - Moro aqui há dos meses.<br /> - Nossa, eu nunca tinha te visto. Qual seu nome?<br /> - Susana, e o teu?<br /> - Valdomiro.<br /> O elevador deu um tranco, e eu percebi de que não era o meu andar. Quis trancá-la no elevador, acionar o sistema de emergência e agarrar a boliviana; só não o fiz pois meu bom senso deu um grito ensurdecedor.<br />Ao sair do elevador ela olhou para mim e disse tchau bem baixinho, como se ela estivesse sem graça.<br />Depois desse dia passei a fazer serão todos os dias no escritório. Assim eu chegaria mais tarde em casa, e encontraria a boliviana à espera do elevador no saguão do prédio. Ledo engano.<br />Consegui com o porteiro o número do apartamento dela, e no mesmo dia bati à porta de Susana. Ela me recebeu com surpresa e espanto, mas deve ter gostado da visita, já que hoje - oito anos depois de nos conhecermos - estamos casados, brigamos todos os dias, nossos filhos nos odeiam e eu não aguento mais essa boliviana hija de una puta!<br /><br /><br /> </span>Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3328210876810799661.post-5832576613152911052008-01-20T12:42:00.000-08:002008-01-20T12:43:12.147-08:00Aristides e as caçapasAristides era um sujeito pacato, cumpridor de seus deveres, mas tinha um vício: a sinuca.<br />Todos os dias, depois do trabalho em um escritório apertado e abafado, ia ao boteco jogar. Bebia pouco, somente quando estava muito calor, ou nas sextas. Gostava de jogar apostando.<br />No começo, ainda quando era garoto, jogava de brincadeira, pra passar o tempo. O tio de Aristides era fera na sinuca, conhecia todos os macetes e estratégias do jogo, e foi com o Tio Barcelos que Aristides se encantou pelas caçapas.<br />Já adolescente, incentivado pelo Tio Barcelos, participou de um torneio. Ficou em segundo lugar, mas foi como se tivesse sido o campeão.<br />Em casa, Aristides guardava um conjunto de tacos feito com uma madeira especial, que deslizava fácil pela mão. Comprou em uma viagem à Argentina, por uma bagatela. Os tacos eram o xodó de Aristides, e ele só os usava em mesas especiais, extremamente planas e felpudas, como as do clube dos sinuqueiros. Por sinal, foi lá no clube que Aristides conheceu aquela que seria sua esposa, e que quebraria o conjunto de tacos na cabeça de Aristides, quando este havia chegado às três da madrugada, bêbado e com uma puta mais bêbada ainda a tiracolo. Ele havia dito que era uma amiga, mas a desculpa não colou.<br />Quando Aristides soube que a esposa havia quebrado os tacos em sua cabeça, pediu o divórcio. Ele não conseguiria viver ao lado de uma mulher sabendo que ela havia destruído aquilo que ele mais gostava.<br />Após o divórcio ele mudou-se para uma casa maior. Comprou uma mesa de sinuca, e todos os finais de semana reunia os amigos para umas partidinhas de sinuca.<br />Aristides nunca mais se casou. Dedicou todos os seus últimos anos à sinuca.Dois²http://www.blogger.com/profile/17833977953794848514noreply@blogger.com0