dois. depois que fundiu, fodeu.
Posted: 18.3.13 | Postado por Dois² |

tecnologia pra mim era uma coisa muito simples: ter um celular capaz de ligar, receber ligações, mandar mensagens, ter um computador e saber usar uma conta de email e facebook. pra que mais? tava bom demais isso tudo e eu nem conseguia dar conta de todos esses itens funcionando ao mesmo tempo. os meus amigos até me tiravam dizendo que eu era 'old fashion', como se eu soubesse que porra de gíria é essa, mas era capaz de entender pela tradução literal das duas palavras juntas. 
esses dias eu tava no ônibus voltando pra casa sem meu fone de ouvido quando ela subiu no ônibus. se ao menos eu tivesse com meus fones... evitaria de ouvir a voz dela. falei meio que errado e mal consegui olhar na cara dela e tive que ficar lá ouvindo aquela risada, aquele chiadinho que o som do 's' faz quando ela fala. que saco! se a tecnologia tivesse na minha vida eu sacaria meu telefone high tech e ficaria vendo meu facebook sem dar tanta importância pro que ela tava falando com os amigos. por que raios ela foi sentar lá atrás? ainda bem que eu ía descer antes dela. a viagem nunca foi tão longe e olha que a gente nem pegou trânsito. e eu lamentando ter esquecido o fone. 
durante toda a viagem eu pensava em me meter na conversa e ir lá falar com ela. sei lá, pedir pra mulher que sentava do lado dela trocar de lugar comigo só pra que eu pudesse sentir o cheiro do perfume outra vez. eu vi que ela continuava linda e usando aqueles decotes imorais que ela costumava usar quando a gente ficava. sério, nessa hora eu quis pedir pra descer, mas me controlei. lembrei do gosto da boca, dos beijos sem fim e comecei a ficar de pau duro. ainda bem que a mochila estava no meu colo, essa vergonha eu não passaria. e ela lá, não calava a boca. maldito celular sem funcionalidades tecnológicas. maldito fone de ouvido esquecido no computador. maldita. ainda revirava meus pensamentos e minha atual namorada nem sonhava que eu ainda gostava dela. foda. 
nem preciso dizer que passei a noite fritando na cama, tendo lembranças, lamentando e batendo umas punhetas. amanheceu e eu resolvi que ía bater na porta dela. antes de sair de casa ainda pensei durante muito tempo mandar um inbox de facebook ou um email lacônico, mas desisti, afinal, nem pra isso a tecnologia me serve. achei que poderia soar bizarro, visto que faz anos que a gente não se comunica virtualmente. minha namorada me liga pela manhã pra me dar bom dia e eu me sinto o cara mais idiota do mundo. saio de casa.
ando uns 7 quilômetros na magrela até ter coragem de tomar o caminho da casa dela. toco o interfone e a amiga dela atende. me convida pra entrar. não paro de tremer, meu estômago quer me virar do avesso e eu estou prestes a desistir e dizer que foi engano e que eu não queria ter passado lá em pleno domingo de manhã. o café da manhã tava rolando um pouco tarde pras meninas e ela não estava na sala. jogo um papo furado, sorrio, aceito uma torrada crio coragem pra perguntar por ela. as meninas respondem em uníssono que ela está dormindo ainda e num misto de tristeza e alívio, sorrio e continuo puxando conversa fiada. me despeço 5 minutos depois e saio de lá. sabia que assim que a porta da sala batesse fechando nas minhas costas, a porta do quarto dela se abriria e ela sairia aliviada por eu já ter ido embora. paciência. 
subi na magrela e percorri mais uns 5 quilômetros antes de pegar o caminho de volta pra minha casa.
e no facebook outra vez, tentando achar pistas da vida recente dela, descubro que eu não sei ser detetive virtual e tenho raiva de mim por ser old fashion da tecnologia. 

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